CONSTRUINDO EQUIPES PRODUTIVAS
O método citado abaixo foi construído e validado com os resultados que se conseguiu na prática. Podemos dizer que hoje temos uma metodologia consistente que levou dezenas de empresas a ampliarem seus resultados. Essa metodologia foi utilizada em shoppings, redes de lojas e farmácias, hospitais, construtoras, prestadores de serviços, indústrias com fabricação e montagem de equipamentos e fundições.
Essa diversidade de segmentos e características de negócios tornou-se uma experiência riquíssima, influenciando nosso trabalho na Cria-me com palestras, treinamentos e consultoria.
As Três Instâncias são um tripé para que gestores e colaboradores possam trabalhar com um nível de motivação elevado e por opção, já que ninguém motiva ninguém: a motivação é pessoal e intransferível.
O método das Três Instâncias do Eu na Equipe contribui para a construção de equipes produtivas. Observamos que uns dos aspectos importantes nesses colaboradores, membros da equipe, é ter a capacidade de sonhar e querer construir uma realidade melhor para si mesmo.
Essas Três Instâncias são construídas de forma prática, já que o empregador passa a compreender que é fundamental ter uma postura de valorização dos colaboradores, incentivando-os a estudar, a ampliar sua visão de mundo, visão de vida. A pior premissa de um gestor é ao perceber um bom funcionário em seu quadro, não o incentiva a sonhar e a crescer. Infelizmente, mesmo no século XXI, existem empresários que ainda pensam e fazem sua gestão com conceito do século XX: “Eu não vou investir tudo isto em treinamento da minha equipe; eu treino, eles ficam bons e vão para outra empresa”. Neste caso é preciso rever os valores, a política de RH e o plano de carreira da empresa.
As TRÊS INSTÂNCIAS começam focando o EU COMIGO
É neste momento que o empresário ou o gestor precisa compreender que todos os colaboradores têm o “(…) dom de ser capaz e de ser feliz!”1, e essa busca do ser humano faz parte de sua natureza. A cada nova geração, os colaboradores chegam ao posto de trabalho com o desejo ampliado da vida, com mais sonhos a realizar e necessidade de liberdade. Um setor de RH bem preparado ou um gestor perspicaz desenvolve atividades na empresa que levam os colaboradores a terem maior autoconhecimento. Um dos caminhos é ajudá-los a identificar as crenças pessoais que cada um traz dentro de si e que norteiam a relação consigo mesmo, com o outro e com o nível de comprometimento para alavancar seus resultados dentro da cadeia cliente/fornecedor. Um exemplo: um funcionário tímido e calado pode trazer dentro de si uma autoestima muito baixa. É preciso incentivá-lo a participar, endossando seus acertos.
Como se faz isto? Observando o comportamento de cada membro da equipe. Uma chefia atenta, que compreende o seu novo papel como líder, fará um trabalho de transformação de sua equipe. Observando a evolução do comportamento organizacional focado em qualidade, na década de 80 existiam os departamentos de qualidade na empresa; já na primeira metade da década de 90 a responsabilidade pela qualidade migrou para um “fiscal” dentro de cada setor, e na segunda metade da década de 90, felizmente, todos da equipe passaram a ser responsáveis pela qualidade dentro de seu processo.
Para isto de fato funcionar, devemos lembrar que não basta fazer o colaborador fazer parte da equipe, ele precisa tomar parte, sendo ouvido e valorizado em suas sugestões. Ele se sentirá parte quando suas sugestões se tornarem realidade, quando suas ideias implantadas ajudarem na melhoria do processo e dos produtos/serviços de forma a ampliar a qualidade e produtividade da empresa. O colaborador comprometido precisa ser visto, valorizado, ele precisa se sentir integrado. E se consegue isto ampliando a visão sistêmica do colaborador. Ele precisa ter consciência da importância de sua função, do seu processo, do seu setor e da empresa. As metas e objetivos são determinantes para que ele a conheça mais e acompanhe resultados. O ser humano tem a necessidade de interagir com o meio e modificá-lo. Ao tornar as funções mais claras e nobres no sentido de uma visão ampliada e sistêmica, o colaborador terá prazer e motivos para construir seus resultados e, consequentemente, trabalhar mais feliz e atento ao seu desempenho. Ele compreenderá que será mais fácil construir seus sonhos pessoais, trabalhando em uma empresa que o considera, respeita, valoriza e ensina. Este colaborador acreditará mais em sua capacidade de sonhar e realizar, este aspecto tão importante na opção pela motivação pessoal em tudo que se faz.
Segunda Instância: EU COM O OUTRO
Não devemos subestimar a importância da clareza no processo de comunicação e como esta impacta as pessoas na equipe. É muito comum o gestor não observar que dentro do processo de comunicação na equipe existem crenças dos colaboradores, que uma mensagem poderá causar no outro compreensão, alegria, satisfação, mas também resistência, antipatia e conflito. Importante ressaltar que dentro de um processo de comunicação entre pessoas existe sempre um distanciamento entre as compreensões emocionais. Chamamos de “avenida do imaginário”, referindo-se simbolicamente ao distanciamento entre uma compreensão e outra: quanto mais larga for “essa avenida”, mais erros de comunicação acontecerão e pior, maior o risco de gerar uma avalanche de compreensões mobilizadas pela emoção negativa.
A comunicação sempre será recebida ouvindo, sentindo e compreendendo o seu conteúdo. O impacto do sentir quase sempre é desconsiderado e podemos dizer que o colaborador, mesmo compreendendo o que foi dito, poderá ter emoções e sentimentos desastrosos. É fundamental ao gestor entender que qualquer comunicação pode causar um elevado nível de carga emocional e, consequentemente, uma compreensão errônea.
Uma equipe competente compreende sempre que aquilo que foi dito pode causar no outro um leque de percepções e emoções, inclusive o sentimento de ter sido agredido, mas não significa que houve intenção de agressão ou de provocação. Uma coisa é uma fala com clara intenção de agressão e outra coisa, muito diferente, é o fato de me sentir agredido por uma fala. “Eu me senti assim!” Neste caso, a situação nada tem a ver com o outro. É preciso esclarecer, é preciso negociar e diria, que tão importante quanto uma comunicação clara, é compreender que existe uma grande diferença entre o que foi dito e o que essa mensagem passou.
Este trabalho de anos nos mostrou e deixou evidente que muitos relacionamentos foram desfeitos por uma compreensão unilateral, mobilizada pela percepção e emoção pessoal. Quando não se tem a oportunidade de esclarecer a intenção verdadeira da mensagem e o que ela causou no outro, grandes conflitos podem ser gerados na equipe ou até mesmo entre casais.
Nesta Segunda Instância é o momento de diminuir a má compreensão ou tirar as arestas de dentro da equipe e preparar ou amadurecer a equipe, ampliando sua capacidade de negociar, pois, Terceira Instância, a capacidade de negociar dentro do processo é determinante para o resultado de ampliação da produtividade e qualidade.
Terceira Instância: EU COM O CLIENTE
Vamos compreender este cliente como aquele cliente externo à empresa, mas também o cliente interno dentro da cadeia cliente/fornecedor. A alavancagem da qualidade ou produtividade é direcionada ao cliente externo, mas para isto a alavancagem dentro da cadeia cliente/fornecedor precisa ser consolidada. E isto não acontece sem a interação e negociação entre todos dentro do processo, é de gente com gente.
Todos os produtos ou serviços, como bem sabemos, tem seus requisitos e esses são determinados pela necessidade ou exigência do cliente externo e do mercado. E para se conseguir fazer uma entrega que satisfaça seus clientes externos, a construção para atender os requisitos dos produtos/serviços acontecem nos diversos processos e subprocessos. E quem constrói qualidade no processo, constrói também a ampliação da produtividade.
Se o gestor ou RH trabalha a primeira Instância o EU COMIGO, terá pessoas mais conscientes e motivadas com o sentimento de pertencimento na equipe, no processo, na empresa. Quando o EU COMIGO é bem construído, o colaborador passa a ter seus motivos para engajar e se comprometer com a construção do resultado da equipe.
Se a Segunda Instância é também bem construída, teremos na equipe uma capacidade ampliada para negociação e acertos, sem gerar disfunção nas relações e compreensão equivocada da mensagem. A equipe amplia sua competência nas negociações com essas duas primeiras instâncias trabalhadas. Os colaboradores estarão dentro da cadeia cliente- fornecedor buscando atender às necessidades do cliente interno e, consequentemente, do cliente externo, usando de gentilezas e maduras negociações para que o melhor resultado aconteça de forma natural.
Esta metodologia das Três Instâncias tem como premissa acreditar que o ser humano, em sua essência, tem a necessidade de se transformar em uma pessoa melhor. É determinante para uma equipe comprometida, desenvolver sua capacidade de autogestão, indiferente do cargo e nível de escolaridade. Acreditar nas pessoas, ampliar a capacidade de negociação entre os membros da cadeia cliente-fornecedor e dar elementos para um acompanhamento eficaz como indicadores de performance e de produtividade, trará um outro bom motivo para que aconteça a escolha pela automotivação e a construção de um trabalho em equipe eficaz.
Hoje sabemos que as Três Instâncias funcionam na prática por toda trajetória construída junto a diversas equipes.
Giovani A. Mendonça | Colaboração: Patrícia Gonçalves e Nina Capel
Diretores da Cria-me Projetos e Eventos